Pode copiar, só não faz igual!
Há quem faria de tudo por uma Birkin, inclusive comprar a versão de 78 dólares do Walmart.
Se eu tivesse que traduzir as palavras luxo e exclusividade em um único item, com certeza seria uma bolsa Birkin, da maison francesa Hermès. Se você acha que isso é papo de futilidades, está muito enganado. Muito mais do que um símbolo de status, essa bolsa é um verdadeiro investimento. Isso porque, mesmo depois de sair da loja, ela não perde valor — muito pelo contrário. Ao longo dos anos, a Birkin só se valoriza, e no mercado de second hand é possível vendê-la por um valor maior do que foi pago. Imagine só pagar R$ 60.000 em uma bolsa hoje e, daqui a um ano, revendê-la por R$ 80.000.
No entanto, nas últimas semanas, a Birkin voltou ao centro das atenções. Tudo começou quando uma mulher (não lembro o nome dela) postou no TikTok um vídeo feliz da vida com sua bolsa adquirida no Walmart — uma cópia da Birkin. Nesse momento você pode estar pensando: "Ok, mas aposto que o Walmart não foi o primeiro a copiar." E você está certo. Inúmeras marcas já reproduziram o design da bolsa. O que chocou, talvez, foi exatamente o fato de uma rede de supermercados varejistas comercializar uma cópia de um item que é considerado um dos maiores símbolos de luxo e sofisticação.
Será que a Hermès se importa com isso?
Até o momento, a marca não se pronunciou — e acredito que nem vá. Hermès é uma empresa centenária, extremamente consolidada e com um público fiel, que entende o valor e o significado de suas peças. É óbvio que a qualidade de uma bolsa que leva 40 horas para ser feita, artesanalmente e por um único profissional, nem se compara à de uma produzida em larga escala, provavelmente com materiais de baixa qualidade. Mas, no fim das contas, é aquilo: se estão te copiando, é porque você está fazendo algo muito bem feito.
Primo pobre x Primo rico
As queridinhas dupes são aqueles produtos que imitam outros, com preços mais acessíveis, mas embalagens ou designs incrivelmente similares (às vezes, idênticos) e benefícios parecidos. E tudo bem, todo mundo tem o direito de adquirir aquilo que deseja dentro de suas possibilidades. O problema surge quando as cópias afetam pequenas marcas, aquelas que desenvolvem produtos autorais com tempo, estudo e pesquisa. Imagine passar meses criando algo e, de repente, ver outra pessoa copiar descaradamente. Você não se sentiria lesado?
No mercado da moda, essa é uma realidade que muitos designers enfrentam. Para quem está começando, isso gera uma revolta compreensível e um desânimo que não deveria existir. Afinal, moda é arte, criatividade, expressão. E como qualquer arte, ela merece ser valorizada.
Talvez a grande questão não seja "Quem pode ter acesso ao luxo?" ou "Quem pode copiar quem?". Mas sim: como valorizamos a originalidade em um mundo onde imitar é tão fácil?
Espero que possamos, cada vez mais, refletir sobre o verdadeiro valor das coisas — e que aprendamos a investir, não apenas em produtos, mas também em ideias genuínas.
Au revoir,
Mariana.